A Perfeição Existe?
A questão não é nova, mas intemporal, e surge em muitas mesas.
Foi na semana passada. O jantar ia tão avançado que, no máximo, ainda havia um pouco de gelado por comer. Isto é o mesmo que dizer que as mãos deixaram de segurar talheres para segurar telemóveis. Não é preciso muito para que, se ainda houver conversa, a mesma ter como base o que o visor está a mostrar.
A linha entre evolução do sentido estético, graças ao Instagram, e os rapazes e raparigas que cortam a respiração é ténue. Se a pessoa estiver com menos roupa, mais fácil se torna.
Não são pessoas quaisquer, têm, além de um estilo de vida fabuloso, um corpo, uma pele e sorrisos que toda a gente parece querer ter. São representações de conceitos de beleza estabelecidos muito exigentes, distantes da maioria das pessoas, mesmo das que cuidam de si. Aí começa a comparação. Comparação com pessoas que talvez não sejam exatamente assim.
E continuamos a alimentar estas ideias diariamente, através da nossa dieta visual, nos media tradicionais, redes sociais, pornografia e publicidade.
Impomos-nos estes padrões, que levam a uma baixa autoestima, indo por vezes a extremos como a anorexia. Por outro lado, impomos os nossos padrões aos outros, fazendo-os sentirem-se menores, ou maiores. Insatisfação de dois gumes. Nada é suficiente.
O que é feito de se gostar dos je ne sais quoi das pessoas?
Não quero dizer com isto que devemos deixar de ter preferências, cruzar os braços, engordar a ponto de ter problemas de saúde. Não cuidar da nossa higiene, e os piores cenários que vos surgirem. Mas acho que temos de parar de viver para fantasias colocadas em pedestais. Talvez 50% das vezes não tenhamos realmente de Mudar, podemos apenas cuidar mais de nós.
Certo dia, um amigo disse-me o seguinte, Se estivesses sozinho numa ilha como saberias que o teu pior defeito é um defeito? Talvez nem defeito se tivesse. Tiveram mesmo que mo dizer, Leonardo, o teu nariz é torto. Neste momento é uma situação mais distante.
Claro que gosto de cuidar de mim e de ter as minhas vaidades. É bom oferecer-me certas coisas. Se alguém reparar é um ponto extra e não tem de ser mais do que isso.
Já ouvi que "demasiado perfeito não existe", com um sorriso matreiro. A realidade é que não pode, para isso era necessário que a perfeição existisse em primeiro lugar.